segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Diário de viagem: tour em Santiago, Valparaiso e Vina Del Mar - Chile.



  Depois de experimentar as delicias da vinícula Undurraga, o manjar dos Deuses, um outro objetivo alcoólico da viagem seria experimentar a prima da nossa caipirinha, o Pisco Chileno.
O Pisco é o nome do aguardente de uva produzido no Peru e Chile. É baseado na destilação do "mosto" (gerado na primeira etapa do processo de fermentação do vinho) proveniente da uva. Trata-se de um termo pré-hispânico (quechua) cuja a origem remonta a "Villa de Pisco" atualmente localizada no litoral do Peru.
No primeiro dia de estadia na cidade de Santiago fizemos um pequeno tour com a empresa de turismo que fechou o hotel conosco. Passamos pela Igreja de San Francisco, a mais antiga da cidade, depois estacionamos no Palácio "La Moneda" (aquele mesmo que Pinochete entricheirou Allender no golpe militar de 1973); por ali circulamos pelo "Centro Cultural Palácio La Moneda" e pela "Plaza de Armas", em seguida pela Catedral da cidade e depois seguimos para o "Cerro de Santa Lucia". No final da tarde o guia nos levou numa loja que fabrica e distribui especiarias feitas com a bela pedra Lapis-Lazuli. Num bairro chique, loja chique, gente chique, percebemos logo, ao descer da van, que era esquema montado para capturar turistas incautos. Na recepção um porteiro também chique abriu a porta de vidro blindex e nos apresentou a uma recepcionista, chiquíssima e cheirosa, que elegantemente nos ofereceu o manjar dos deuses quechua, o Pisco. Satisfeito pegamos a parte que nos cabia (um copinho de plástico estilo nosso caldinho ele-ela) e iniciamos o tour pela loja. Tudo l.indo, todas as especiarias trabalhadas em Lapis-lazuli formatadas em colares, brincos, pulseiras e objetos de decoração. Maravilhoso, sim, mas tudo caro !! enrolamos mais um pouquinho, mostramos interesse, atenção em tudo, mas vontade em comprar, nem um pouco; aceitamos mais outro ele-ela de Pisco (estratégia da loja - alcool abre a mente e a carteira de qualquer um..) rodamos mais um pouquinho e encerramos o passeio na loja com um boa noite agradecendo calorosamente pela oportunidade de conhecer os trabalhos tão bonitos e principalmente pela degustação free. Saimos com o saldo em carteira e cartão de crédito intocáveis !

Palácio La Moneda

Catedral

Centro Cultural Palácio La Moneda     





Loja de fabricação e distribuição de LapisLazuli
 
Esculturas em pedras vulcanicas

Esculturas em cobre.
 
Objeto formatdo em pedra Lapis-lazuli
 

Existe um diferença histórica entre o Chile e o Peru na exclusividade de usar o nome "Pisco". o Peru reinvidica para si por indicar que a denominação teve origem nas suas fronteiras, portanto é um nome reservado (tipo Champagne), por outro lado o Chile contesta que é um nome genérico, tal como vinho e uisque. Diferenças históricas a parte a bebida é muito boa, mas também bastante forte pois seu teor de alcool é alto, em torno de 40%. No Chile o drinque leva além do aguardante de uva, limão, gelo e angustura (bebida muito usado no preparo de coqueteis), ficando mais próxima da nossa caipirinha ou da Tequila Mexicana. Após esses incrementos essa mistura bombástica passa a ser denominada de  Pisco Sour" -  atenção, avisamos aos desatentos !!! - bebam com moderação pois quanto menos se espera  o "chá" Chileno pega pesado.
No dia seguinte fomos novamente conhecer a noite (na anterior já tínhamos ido ao restaurante "Com Agua para Chocolate - sensacional - comida e ambiente de primeira) e partimos com o objetivo de ir ao restaurante Bali-hai, que é muito conhecido por suas apresentações de danças típicas Chilenas, de suas aldeias e da Ilha de Páscoa e Polinésia.
Pegamos o taxi (o restaurante fica no bairro da Bella Vista)  e chegamos ao local na hora marcada (tínhamos feito a reserva na Internet, da mesma forma do que "Com Água para Chocolate" ). O local é muito bem decorado, estrutura de primeira, lugar chique, gente chique; fomos para nossa mesa e de cara descobrimos que os preço dos pratos eram chiques, é claro !!, bem caros (29.000 pesos por pessoa - em torno de R$ 120,00). Esqueci meus preciosos pesos que seriam gastos, afinal em viagem a regra é não se stressar, fechei os olhos e confirmamos os pratos da noite. Para bebida, por coincidência ou não, a primeira da lista que vimos no menu era o nosso conhecido "Pisco Sour". Lido e feito, essa foi a nossa pedida. Passamos uma noite muito agradável apenas com uma taça dessa agradável bebida, nada mais do que isso, pois no outro dia teríamos uma passeio para Valparaiso e Vina del Mar.


Com Água para Chocolate

Um brinde aos deuses Baco e Dionísio.


No Bali-Hai

 
  


Valparaiso é uma cidade com aproximadamente 275.000 habitantes localizada no litoral do Chile, flertando com o Oceano Pacífico, no alto de seus morros e colinas. Desde o Governo de Pinochete a cidade é a sede do Poder Legislativo, bem como de outros orgãos estatais tais como o Serviço Nacional de Aduanas, o Conselho Nacional de Artes e Cultura e o Comando da Armada do Chile. Foi declarada patrimônio Cultural da Humanidade em 2003 pela UNESCO.
Em Valparaiso inicialmente fomos a casa de Pablo Neruda, "La Sebastiana", onde ele viveu com sua segunda esposa Dellia Del Carrio, localizada numa das várias colinas com vista para o Pacífico; não entramos para conhecer pois o nosso guia (Sr.Oswaldo) nos informou que a casa existente em Santiago, denominada de "Las Chascona", seria bem mais interessante por ficar numa linda colina na Bella Vista circundada por árvores e jardins exuberantes, e abrigar inúmeras objetos de artes que o poeta recebeu como presente dos diversos amigos em volta do mundo.
Em 1959 Neruda buscava uma casa para fugir da agitação de Santiago e aí, com ajuda de amigos, descobriu uma localizada na parte alta da cidade (Florida Hill) e a denominou "La Sebastiana" em homenagem ao seu dono e construtor, Don Sebastian Collao. Foram feitas diversas reformas e em 18 de setembro de 1961, Neruda festejou a abertura da casa com uma festa memorável ; todos os amigos que o auxiliaram na busca e reforma foram convidados e incluídos numa "lista de méritos inesquecíveis" que descrevia a ajuda de cada um na reconstrução da residência abandonada.
Após o golpe militar de 1973 a casa foi saqueada e graças ao apoio da Telefônica da Espanha foi restaurada em 1991, sendo inaugurada como casa-museu. Em 1994 foi construída a praça e em 1997, ainda com a ajuda da Telefônica, foi construído o Centro Cultural.



La Sebastiana : a praça e seu jardim.
  
 
La Sebastiana

 
 
 
Descemos em direção ao porto, estacionamos a van, e iniciamos um passeio a pé; apesar do sol do meio-dia fazia um vento fresco, originado das correntes do Pacífico, que ajudava a amenizar o calor. Passamos pela "Plaza Soto Mayor" (a principal praça da cidade), subimos algumas ladeiras, atravessamos becos muito limpos e bem cuidados - percebemos várias paredes grafitadas - e chegamos ao funícular.
Essa alternativa de transporte é usada para facilitar o deslocamento da população nativa, porém é mais utilizada hoje pelos turistas para minimizar a topografia montanhosa da região. Em Valparaiso existem pelo menos 10 em atividade, sendo o mais antigo de 1893. Pagamos 300 pesos (R$ 1,20) por pessoa e subimos para um ponto superior da região, caminhamos mais um pouco pelos becos e ruelas, observamos várias construções em estilo inglês - resultado da imigração inglesa - e voltamos a mesma estação funicular, descendo e voltando ao ponto de partida, a "Plaza Soto Maior". Seguimos em direção ao porto em busca do restaurante indicado pelo Sr.Oswaldo.
 
  
Plaza Soto Mayor - Valparaiso


 
Porto da cidade - em frente da Praça Central.


Arquitetura da cidade







Os grafites. 

 
 
 
 
 
O funicular.
 
No porto o Sr.Oswaldo, que deixou de ser guia e passou a ser nosso companheiro de viagem, nos levou a um restaurante muito interessante a margem do Pacífico, com uma bela arquitetura em forma de navio. Obvio que na lista de bebida "ela" estava lá: a "Pisco Sour" era o destaque; pedimos uma taça e aí a delicia andina bem gelada, degustada ao sabor da agradável brisa do Pacífico, nos serviu de companhia durante todo o almoço. 
Após o almoço partimos em direção a Vina Del Mar que fica a poucos quilometros desse ponto (em torno de 4km).
 

Saude a Pisco Sour




Vina Del Mar é uma "comuna" da provincia de Valparaiso com uma população aproximada de 300.000 habitantes. "Comuna" é a menor unidade administrativa do Chile  e podem conter cidades, vilas, aldeias, sendo que que cada uma dessas são administradas por pessoas (chamadas de Alcaides) eleitas pelo voto popular.
No começo do século XX Vina Del Mar converteu-se em um balneário destacado; na região existem também outras praias importantes para conhecer (não tivemos tempo para isso....) como Algarrobo (onde está localizada a maior piscina do mundo) e Isla Negra (onde fica uma das casas de Neruda).  A cidade hoje mantém campus de três importantes universidades privadas: "Universidad Adolf Ibañez","Universidad de Aconcaqua" e "Universidad Del Mar".
Em 2005 a antiga via férrea foi desativada sendo substuida por metrô que hoje se interliga com Valparaiso. A cidade sedia, anualmente, importantes eventos tais como o festival Internacional do Cinema e da canção.
Começamos nosso passeio pela avenida principal. Logo no início visualizamos um belíssimo relógio de flores, plantado numa das várias encostas da área (descobrimos que foi feito para dar as boas vindas ao público durante a copa do mundo de futebol de 1962, disputada nessa cidade no estádio de "Sausalito"); não descemos para ver mas da van registramos uma bela foto. Continuamos o passeio cruzando a avenida principal. No  lado esquerdo o Pacífico - mar aberto em algumas partes e em outras muitas pedras -,  no lado direito só prédios, construídos numa primeira etapa em área plana e depois já no trecho final da avenida encravados em morros e colinas. Entre os prédios observamos alguns funiculares, que são mantidos pelos condomínios, visando assim facilitar o transporte entre os prédios da avenida e os que ficam no plano superior. Muito interessante foi ver a arquitetura original de alguns desses prédios tendo seus apartamentos, ao longo dos andares, construídos em forma de escadinhas.


relógio de flores

 
Parada estratégica para fotos. 
 

 
 
 
 
No lado esquerdo da avenida praia e seus pedras

 
 
Do lado direito os prédios.

 
 
Os prédios sob as encostas.








Funicular.



Arquitetura em forma de escada.





 
Durante todo o trajeto observamos muito verde, agradáveis gramados no calçadão onde as pessoas  usavam comos área de lazer para descansar, ler e até mesmo namorar. Ao longo da avenida não vimos qualquer sinal dos nossos famosos coqueiros  mas sim muitas palmeiras. Nas ruas tranversais também o mesmo cuidado ecológico, lindas palmeiras estacionadas nas calçadas. 
Um dos locais de destaque na avenida é o "Cassino Vina del Mar" construído em 1930 em estilo neoclássico. É o mais antigo do país e atualmente é conjugado com um resort que fica de frente para a praia. A ideia do empreendimento é oferecer aos jogadores uma estrutura de turismo onde pode-se encontrar restaurantes, bares, piscinas, salões de festas, além de hospedagem, é claro. O cassino dispõe 1.200 ma´quina de moedas, 40 mesas de jogos e um espaço de bingo para cerca de 200 pessoas.


calçadão, seus jardins e palmeiras
 
 
 

Descansar nos gramados - uma excelente opção.  

Ruas transverssais

Rio que passa paralelo a praia.


O Cassino



Alguns bares foram construídos na beira da praia - todos muito organizados e limpos - fomos informados pelo Sr.Oswaldo que somente alguns desses tinham permissão para vender bebida alcoólica. Isso é muito bom pois evita a bagunça generalizada decorrente do excesso de Pisco Sour......
Depois de alguns minutos atingimos o balneário de Reñaca e suas belas praias rochosas; paramos numa linda colina com enormes pedras onde no alto existe um mirante com vista para todo o balneário, bem como para o litoral de Valparaiso. Descemos para visualizar a paisagem e registrar algumas fotos (dessa vez não esqueci e levei a camisa do glorioso alvirubro hexampeão...).


O mirante


 
 



 

     

  
Depois da camisa vermelha e branca ser glorificada pelo Pacífico partimos de volta para casa, ou melhor para Santiago..... 


Já no caminho de volta uma vista geral da cidade da Vina Del Mar.


(Janeiro/2013)

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