segunda-feira, 30 de maio de 2016

Onde tudo isso começou: ZP x GP



  Lembro que quando cheguei na rua Capolis, em 71, o nosso amigo ZP era o tremendão (tipo Roberto e Erasmo): cabelo aos ombros, altura mediana, magro, tinha uma Maxi puch e desfilava pelos arrabaldes do bairro todo orgulhoso, altivo na sua condição de menino rico. 
Morava (e ainda hoje assim o faz) numa bela casa de primeiro andar bem na frente da minha. Nós, os proletários,    admirávamos aquela figura rebelde, cabelo ao vento, saindo  diariamente na sua bicicleta motorizada. Sonhávamos o sonho impossível, sabíamos que jamais teríamos uma dessa.   

Maxi puch

Assim que o conheci soube que o ZP jogava muito bem futebol, era o ponta direita favorito do dono do time da rua vizinha, a "Abataé", onde normalmente ocorriam as peladas do dia-a-dia. 

Depois de um certo tempo fui entender que o proprietário do time era um cara, alto e magro,  que andava com a camisa do “Sport Clube do Recife” pra lá e pra cá pelos quatro cantos do bairro. 
Nas sextas-feiras à noite ele esquecia sua atividade de dono de time de futebol e saia de casa bem vestido, calça e camisa brancas, sapato preto brilhando, mas não porque era médico ou veterinário, e sim por causa do título de Pai de Santo de um terreiro estabelecido ao lado do canal do Jacaré (margeava  o campo de futebol onde ocorriam as peladas de sábado à tarde).   

As más línguas diziam que aliciava jovens adolescentes pra seu time de futebol. Esse torcedor rubro-negro chamava-se Didi. 

ZP era tipo um playboy do subúrbio, astro do time de futebol juvenil e namorador das “meninas” que Didi arrumava pra ele. Namorou várias. Todas trabalhavam nas casas de família da região. 

O jovem desfilava, toda tarde, naquela bicicleta barulhenta. Soube depois que o objetivo do passeio era ir até a rua vizinha onde Didi reunia os "boyzinhos" do time para um treino diário. O treino era baseado em musculação e era fechado ao público porque sediava-se dentro da sua casa (vizinha ao Bar chamado Lanterna Azul que ficava bem na esquina da rua). Só entravam os adolescentes mais parrudinhos (fortinhos), sendo desprezados os raquíticos.

Dizem que esse ritual durou muito tempo até o dia que um outro amigo nosso, chamado GP, chegou por lá, acho q por volta de 74.
GP tornou-se adversário de ZP no futebol, sendo arrecado para os mesmos fins de Didi pelo empresário Nélsino Embuá que formou um novo time.
GP teve sucesso como lateral esquerdo e depois de um tempo, pegou corpo, ficou toradinho, apesar de ser mais baixo que ZP, e deixou o cabelo crescer tonando-se o jogador favorito do Embuá. 
GP não era rico, ao contrário de ZP, e assim como nós, era de família de proletários, mas tinha uma bicicleta (sem ser motorizada) e nela, com frequência, caroneava seu patrão no bagageiro.

Aos poucos GP foi marcando e tomando o território do ZP, Embuá o apresentou as "meninas" da vizinhança, aquela das casas de família, e por instinto natural, talento nativo, superou o playboy em quantidade de "meninas" e no futebol, perdendo apenas em possuir a Maxi Puch.

A grande rivalidade entre os dois começou num dia que ZP gostaria de esquecer, apagar da sua lembrança e dos demais que presenciaram o fato, bem como dos outros que só ouviram pela boca já de outros, tipo aquela brincadeira de criança chamada "telefone-sem-fio".
O negócio foi assim: ZP num infeliz jogo de futebol, bem antes da aparição de GP,  levou uma bolada nas regiões baixas, caiu no chão berrando e as duas mãos em forma de concha cobrindo e apertando seu objeto sexual, Gritando registrou pra a eternidade o que não queria que fosse registrado: 

- Ai minha Piquinha !! ai minha Piquinha !! meu Deus do céu !! , .. ai..ai..ai ..  

Não deu certo, foi o alerta para que seu time inteiro, seus adversários, e a platéia que se estendia ao longo da calçada, gritassem em coro: ZP, ZP, ZP e ZP .....

GP, a medida que soube da história e foi se enturmando na região, desenvolveu um complexo de superioridade platônico em relação ao seu  "objeto', Muito justificável visto que as "meninas", as mesmas compartilhadas por ZP,  já haviam mencionado pelas esquinas e becos do  bairro que apesar de pequenininho em altura, o jovem tinha seu "objeto" lambendo o chão consideráveis centímetros além do dono da Max Puch. 
Quanto ao trauma da Bike, esse continuava, sentia-se muito inferior. Ficava louco da vida. Era a eterna luta social (burguês x proletário).

ZP ao saber dos comentários revoltou-se: 

- como um porretinho daquele, que nem alcança direito o pedal da bicicleta, poderia competir sexualmemte comigo ? 

Essa pergunta infernizou seu espírito, dia-a-dia, mês-a-mês, ano-a-ano , e a partir daí a rivalidade virou fato e a história virou lenda.   

Surgiram comentários (não sei se verídicos) que Didi e Embuá, apesar de adversários em campo, eram muito amigos e no dia-a-dia faziam festinhas “suspeitas” todo sábado na casa de um ou de outro, onde só entrava os melhores jogadores dos respectivos times. Não sei se foi a partir daí (nessas festas), onde as boas línguas diziam, pra entrar tinha q tirar a roupa, que os dois amigos iniciaram a rivalidade peniana que dura até hoje. 

Nós, os amigos do peito (GMS, BFA, PD, NS e CF), pra resolver de vez essa pendenga, que perdura até os nossos dias, sugerimos um encontro no Lanterna Azul onde os dois poderão tirar satisfações (diga-se medições).
Dentro do pequeno banheiro do humilde bar, um de frente pro outro, terão seus objetos medidos. Para não ocorrer fraude um mede o do seu oponente podendo ocorrer remedições (replicas e treplicas).  
As regras serão elaboradas e ratificadas (um das quais será a citada acima) pelo nosso amigo BFA e a manutenção da ordem (brigas por causa de possíveis divergências nas "medidas") ficará a cargo do CF, ambos em virtude das suas qualificações profissionais.
PD, NS e o GMS serão os responsáveis pelo violão e a seleção musical, respectivamente. 

O Duelo das Espadas, como será chamado, será relatado em outro episódio ...  



  
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