quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Diário de viagem: San Francisco e a ilha de Alcatraz.




No mesmo dia que peguei pela primeira  vez o famoso bonde de San Francisco fiz um passeio muito interessante: conhecer a residência oficial do gangster Al Capone, a ilha de Alcatraz. A ilha fica localizada no meio da baia de São Francisco, inicialmente foi utilizada como base militar, e somente mais tarde foi convertida em uma prisão de segurança máxima. Atualmente, é um ponto turísitico operado pelo National Park Service junto com a Área de Recreação Golden Gate. 
Alcatraz foi uma base militar de 1850 a 1930. Em 1 de Janeiro de 1934 foi inaugurada como Prisão Federal. Durante seus 29 anos de existência a prisão alojou alguns dos maiores criminosos norte-americanos, como Al Capone e Robert Franklin Stroud (o Birdman de Alacatraz). A prisão foi fechada em 21 de março de 1963, menos de um ano e meio após a primeira fuga realizada na prisão.   
Durante 29 anos a prisão nunca registrou oficialmente fugas bem sucedidas. Os que tentaram foram mortos ou se afogavam nas águas geladas da baia. Três fugitivos, Frank Morris, e os irmãos John e Clarence Anglin, desapareceram das sua celas em 11 de junho de 1962. Somente algumas provas foram encontradas, e elas levam a crer que os prisioneiros morreram, mas, oficialmente, ainda estão listados como desaparecidos e provavelmente afogados. Em  1979 foi feito um filme sobre essa fuga com  Clint Eastwood chamado Escape from Alcatraz.



Vista de Alcatraz da proximidade do ponto do bonde.  


Em 1976, o Complexo de Alcatraz foi listado no Registro Nacional de Lugares Históricos e declarado Local histórico ncional em 1986. A partir de então tornou-se ponto turísitico.
O ponto de partida para o passeio à ilha localiza-se num dos pier que margeiam a baia de San Francisco . Fiz um tour pela manhã nessa área, especificamente no pier 39, visitando inúmeras lojas, bares e restaurantes. O pier é muito bonito e original, apresenta uma vista muito bonita tanto da ilha quanto da maravilhosa Golden Gate.
Os restaurantes são inúmeros, destacam-se-se o Bubba Gump (quem lembra do filme Forrest Gump ?) e o Fisherman´s Warf, ambos especializados  em comidas do mar; as lojas são muitas e extremamente originais. Enfim, é um ponto obrigatórios para os turistas de passagem pela cidade. 



Entrada do Pier 39.



O pier 39 e suas lojas


Embarcações no Pier.



O dia estava muito bonito, o sol brilhando, o vento agradável circulando pelo pier era um anúncio de um manhã belíssima. Porém, como já havia falado em outra oportunidade, o tempo de São Francisco engana. É importante prestar atenção: se a neblina aparecer lá pela bandas da belíssima ponte  Golden Gate então, prepara-se, o vento vai sobrar frio demais.
  

A neblina e a Golden Gate


Almocei numa das lanchonetes da redondeza e logo após caminhei em direação ao Pier 33 de onde partem os barcos para lar de Al Capone. Nesse momento, por volta das 14.00hs,  já se vislumbrava a neblina cobrindo grande parte da Golden Gate, mensagem da natureza alertando que o frio estava chegando; comprei o ticket e aguardei na fila a chegada do Ferry-boat (tem hora marcada); após um tempo de espera, de pelo menos uns 30 minutos, partimos em direção a Alcatraz.
A parte interna do barco estava com uma temperatura agradável mas quando fui tirar fotos na proa, na área desprotegida,  o vento do pacífico cortava todas as dobras do corpo; a paisagem era belíssima, portanto esqueci o frio - apesar do sol e o ceu aberto - e coloquei em ação minha máquina fotográfica, buscando todos os ângulos possíveis; na minha frente a ilha aproximando-se lentamente, do lado esquerdo a Golden-Gate e sua neblina, virando para trás uma paisagem magnífica da cidade de San Francisco encravada solene bem no alto de morros e colinas.  


A ilha de Alcatraz vista do barco.


A cidade vista na parte de trás do barco


O vento sopra direto da Golden Gate em direção ao barco ; nas minhas pesquisas soube que  as piores celas (acredito que para os delinquentes mais rebeldes...) de Alcatraz ficavam virados para essa conhecida ponte, isso quer dizer que os marginais hospedados nesses quartos tinham o frio como punição da natureza. 
Chegamos tranquilo ao destino ; O frio no barco não é nada comparado com o da ilha que recebe toda o sopro do pacífico de cara, antes de chegar ao continente. No desembarque o frio aumentou, mesmo caminhando no sol quente, sem qualquer nuvem no ceu, comecei a tremer sendo necessário caminhar mais rápido pelas ladeiras da ilha visando esquentar o corpo.  





Chegada na ilha - o ceu limpo e o frio lascando o ambiente


  

Os prédios do sistema prisional, incluindo as áreas administrativas e  a casa de detenção, foram edificados na área central da ilha, na parte mais alta, enquanto as demais edificações de apoio na parte mais baixa. Toda a estrutura é circundada por ladeiras e também escadarias que interligam a parte mais baixa à mais alta. Das ladeiras vislumbramos uma paisagem magnífica do oceano. O prédio principal que "hospedava" os delinquentes tem 4 andares e está muito bem preservado. Na sua entrada ainda conserva a frase "Indians Welcome" (entre 1969 e 1971 indígenas americanos, incluindo casais, crianças e estudantes, ocuparam a ilha reinvidicando a construção nessa ilha de um centro de estudos para os nativos americanos, um centro espiritual indígena e um centro ecológico - esses invasores acusavam o governo de Richard Nixon de quebrar diversos tratados indígenas).



Entrada principal - "Indians Welcome"

As celas distribuídas em 4 andares - "Indians Welcome"



ladeira em direção a parte mais alta

Umas das torres de vigilância


A mesma ladeira vista agora da parte mais alta.






Vista com os dois planos da ilha. interligadas por ladeiras e escadarias


Ponto mais alto da ilha com vista para toda baia de São Francisco - ao fundo a cidade e uma de suas pontes

 outra vista do ponto mais alto agora olhando para o lado oeste - contrário ao da cidade





O frio estava grande. Pensei em circular pela ilha e com isso pegar um pouco de sol. Subi as ladeiras que margeiam a lateral da construção principal até o ponto mais alto onde localiza-se um mirante; lá tirei algumas fotos, procurando observar os detalhes da paisagem deslumbrante. Nesse ponto a brisa cortante do pacífico me fazia companhia, sendo assim voltei rapidamente para o prédio principal com o objetivo de conhecer a área interna, exatamente onde os presos se hospedavam, e também pensando em fugir do vento gélido - o sol continuava brilhando, e nenhuma nuvem o enfrentava.
Todas as construções, apesar de muito antigas, são muito bem cuidadas, mantendo suas estruturas originais. Para os turistas existem bons banheiros no lado de fora, bem como no prédio principal. Os americanos são ótimos em vender então, como não poderia deixar de ser, existe uma loja vendendendo todo tipo de lembrançinhas: de chaveiros com a fisionomia de Al Capone, enfeites de sala, quadros com paisagens da ilha, camisas, enfeites de geladeira, etc. 
Deixei para o final a loja e suas lembrançinhas e entrei no prédio principal que na verdade era a entrada principal da prisão (aquele prédio de 4 andares citado anteriormente). Foi um alívio, não por estar na prisão, mas por escapar do frio. 
Logo no primeiro corredor vi uma mensagem de boas-vindas na parede que era um singelo recado para quem se hospedava nesse hotel de luxo. Diz o seguinte: "  Break the rules and you go to prision, break the prision rules and you go to Alcatraz" (quebre as regras e vá para prisão, quebre as regras da prisão e vá para Alcatraz). .


Entrada principal


Um recadinho para os hóspedes




Chegando perto do recadinho.




O vestiário


o banho














A estrutura interna foi toda preservada, os refeitórios, os chuveiros, os vestiários - nesses observei que até as fardas originais dos hóspedes estavam em exposição - limpas e passadas - a sala de controle e administrativas mantinham aparelhos telefônicos da época e até uma geladeira com a marca da coca-cola registrava os vestígios do passado. Vi também exposto em um túnel, que interliga duas ladeiras,  um automóvel "Ford" bem antigo, acredito que dos anos 40 .
A área destinada as sessões de relaxamento, ou seja, as celas, é claustrofóbica, talvez se acostume depois de um certo tempo de estadia, mas a primeira vista é sufocante. Os quartos são individuais e pequenos, observei uma pia, uma privada, dois apoios de ferro fixados na parede, provavelmente para servir de mesa para a refeição, e mais nada; nas celas que percorri não observei qualquer vestígio de camas. Não usei o guia com  fone de ouvido, foi mais interessante circular a vontade observando com calma cada detalhe. 
No final entrei na bendita loja de gifts (presentinhos); pensei em comprar um casaco por causa do frio mas desisti depois que vi o preço e também, principalmente, depois que vislumbrei um chá quente servido por poucos dólares. Circulei ainda pela loja por mais alguns minutos, não vi nada mais de interessante e aí peguei a reta de volta ao barco. Na viagem de volta não me arrisquei a curtir o gélido visual na área externa, me aconcheguei num banco e cheguei são e salvo em terra firme 30 minutos depois.
Minha última impressão de Alcatraz foi saber - isso não tive como resposta até o presente momento - com que privacidade Al Capone fazia suas necessidadades impostas pela natureza, visto que não existem portas compactas de ferro para fechar a entrada das celas mas sim portas gradeadas. Não sei -  essa é uma questão muito importante - mas tudo indica que ele se acostumou.....
O famoso Gangster foi preso não pelas acusações de assasinatos e afins mas sim por dívidas com o imposto de renda. Sua condenção, anunciada em 1931, foi de 11 anos de prisão, sendo transferido em 1933 para essa aconhchegante estação de repouso ficando até 1937, data essa que teve sua pena revista em virtude de problemas de saúde. Morreu em Atlanta em 1947.   


Possível visão de Al Capone relaxando



(Setembro/2010)


                                    

 


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