quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Diário de Viagem : Conhecendo o Grand Central Station e aprendendo a andar de metrô em New York.



  Cheguei em Nova York em setembro de 2010 e no primerio dia de estadia fiz um passeio obrigatórios para qualquer turista: visitar a Grand Central Station e aprender a andar de metrô.
Estava hospedado num hotel obscuro na rua 39 (Mahattan é cortada por ruas na horizontal e avenidas na vertical, identificadas ambas por números) a poucos quarteirões da famosa estação. Saí do hotel e passei primeiro na Starbuks para tomar um breve cafá da manha  - a grande maioria os hoteis em Mahattan não servem café da manhã - em seguida segui em direção ao lado norte da cidade, atravessei dois quarteirões e cheguei ao meu objetivo. Ao chegar na estação me deparei com um prédio belíssimo, uma arquitetura gigantesca (como tudo nos EUA), muito antigo mas extremamente conservado e limpo; gente para tudo o que era lado, olhei o painel eletrônico com os horários e destinos das linhas e fiquei espantado com a quantidade de informação. Primeira estratégia nesses casos: sentar, se acostumar com o novo mundo, observar com calma o movimento e o fluxo de pessoas e aí sim decidir o que fazer, qual linha pegar, etc . Foi o que fiz, sentei no primeiro banco que encontrei e calmamente peguei o mapa da cidade para rever as opções de linhas do metrô que me levariam ao Central Park. Na primeira olhada o mapa é um emaranhado de linhas e pontos (estações) coloridos - com números e letras delimitando cada uma dessas -,  mas com calma percebe-se que a situação não é tão deseperadora assim de entender (mesmo assim aconselho aos iniciantes estudar bem antes de se aventurar nessa viagem).  



 
Image-Grand central Station Outside Night 2.jpg
Fachada da Grand Central Station (42st com a Park Avenue).

 
O salão principal
 
 
Os painés de tráfego



Perdido no espaço.

Dentro da estação são constantes as apresentações de músicas, grupos típicos de países (nesse dia vi uma apresentação de um grupo da Irlanda do Norte), exposição de artes e atividades semelhantes. Também já foi cenário de diversos filmes de hollywood e séries da tv. Uma imagem marcante para os cinéfilos de plantão foi no filme de Brian de Palma, "Os Intocáveis", com Kevin Costner, quando um carrinho de bebe desce desgovernado a escadaria principal da estação. 
Pode-se encontrar também na estação lojas de fast-food, bares, restaurantes, livrarias e até um grande mercado. 


Apresentações artísticas são constantes dentro da estação.
 
Os Intocáveis
     
Em 1871 foi inaugurada a primeira linha de superfície em New York, sendo que em 1904 foi aberta a primeira linha subterrânea ligando a estação "city hall" ao bairro do Bronx.. Em 1913, após dez anos de reformas, foi concluída e inaugurado a nova estação central  com o nome de Grande Central Station, que é exatamente a existente atualmente. 
O sistema de metrô de New York é o segundo mais antigo do mundo ficando atrás do de Londres e tem um total de 468 estações.
Esse maravilhoso terminal é a maior estação de metrô do mundo em número de plataformas, com um total 44. São 67 linhas que passam pela estação central distribuídas em dois níveis abaixo do solo,  o mais alto com 41 linhas e o imediatamente abaixo com 26. 
No metrô de NY a primeira coisa a fazer é observar para onde você tá indo.  Nas estações as linhas são sempre identificada como indo para uptown (norte de Mahatann, Queens e Bronx, por exemplo) e o downtown (sul da ilha, por exemplo - zona financeira, Estátua da liberdade e Brooklyn); cuidado para não "trocar as bolas" entre norte e sul senão você terá que descer, pagar um novo ticket  e pegar a nova linha no sentido contrário.
Primeira informação importante do mapa do metrô: cada linha tem uma cor específica. As linhas são identificadas por números e letras.
No mapa podemos ver que a linha vermelha identificada pelos números 1,2,3 cortam o lado oeste da ilha e a verde com os números 4,5,6 o leste; Por exemplo, para a linha verde os trens com identificação 4,5, e 6 param nas suas diversas estações. Não necessariamente todos nas mesmas estações, isso pode variar.
A linha roxa com número  7 cruza oeste-leste, passa pelo west river e sai da ilha. A linha azul identificada pelas letras A,B,C,D,E, etc, cruzam a ilha pelo centro passam pelo west river e saem da ilha; da mesma forma acontece com as demais linhas (amarela, marron) com outras letras. 
As estações tem nomes de ruas (42st, 30st, etc..) ou locais de destaque (Times Square, Lincoln Center, etc..).

  

Take the train!


Abaixo  passo um bom exemplo do funcionamento do processo: o ponto de partida é a estação da 42 street, Times Square, marcado no mapa abaixo com a estrela vermelha. Ela é uma bolinha branca pois é um cruzamento de várias linhas (quando é preta significa que não cruza com nenhuma outra). Nesse mapa não indica (mas normalmente tem....) que a estação 42st tem as letras e números N,Q,R,S,W,1,2,3,7. A estação de destino deve ter pelo menos uma dessas letras ou números, então deveremos pegar o trem com uma dessas letras/números. Por exemplo, para seguir até o Museu de História Natural indicado pela estrela verde há duas boas opções.

Lembrando: você tem que pegar o trem onde pelo menos uma das letras/números das estações de origem e destino sejam iguais. No exemplo você está na estação 42 st (letras NQRSW1237)

1) Escolha a linha vermelha e vá até a estação 79 st sentido uptown (no mapa essa estação tem número 1) e depois caminhe aproximadamente duas quadras até o museu.
2) Escolha a linha vermelha e vá até a estação 59 st (na estação tem as letras A,B,C,D,1); Lá pegue a linha azul com o trem de partida podendo ter a letra B ou C porque a estação de destino que vc quer ir, estação 81st, também tem uma dessas duas letras (B ou C). 

Resumindo, primeiro olhe as cores das linhas no mapa  e depois verifique se as letras/números da origem/destino batem. Simples, fácil, sem complicações, sugiro apenas não beber qualquer gota de álcool nesse início de aprendizagem porque senão vai misturar cores, letras, números e aí só Deus sabe aonde você irá parar, talvez em algum lugar fora do mapa. 






letra D na frente do carro - significa que ele para em estações que tenham a letra D 


Os hotéis disponibilizam excelentes mapas com todas essas informações, incluindo as identificações das letras em cada estação; portanto, antes de começar a navegar debaixo da terra pegue um desses onde você tiver hibernando.

Depois de um tempinho sentado olhando o habitat - nesse ponto já tinha descoberto onde ficava o guichê para comprar os ticktes -, levantei e me dirigi ao aglomerado onde poderia adquirir a passagem para o Central Park. Entrei na fila e aguardei minha vez. Depois de uns minutos fui atendido por afro-descendente enorme ; pedi um ticket e o cara me respondeu extremamente rápido e aí danou-se tudo; não entedi nada ; "Please, i didn´t understand" foi o que respondi e o cara replicou mais rápido ainda (acho que estava com pressa pelo tamanho da fila...). Enfim, nesse vai e vem desconcertante desisti e procurei outra alternativa de compra ou até mesmo aguardar uma fila menor, onde talvez o atendente tivesse mais paciência. 
Nesse meio tempo vi algumas pessoas saindo com o ticket de uma loja de revistas. Entrei na loja, fiquei no cantinho observando e percebi que ali a situação seria melhor pois a vendedora tinha aparencia de imigrante. Me aproximei e fiz a pergunta básica  e a jovem me respondeu devagar e tranquilo. Aí sim, entendi muito bem e comprei os benditos tickets. Ela era da India. Tornou-se minha favorita, comprei mais alguns tickets nos restantes dos dias passados em NY. 
Outra alternativa seria comprar um ticket como cartão recarregável nas máquinas de atendimento automático disponíveis em locais estratégicos da Station. Foi o que fiz. 


Guichês


Bilhete único :-)


  As ma´quinas são "touch-screen" então significa dizer que é bem fácil. Pressione Start, escolha inglês ou espanhol e em seguida MetroCard que é o cartão magnético gratuíto. Você pode escolher "Pay-per-Ride" ou "unlimited rides". Na primeira alternativa você carrega um valor entre US$ 4 ou US$ 80 e a cada viagem seu cartão vai sendo debitado em US$ 2,25. Esgotando seus créditos você recarrega na máquina (o buraquinho só abre quando você aperta a tecla start). A segunda opção é excelente para quem vai ficar uma semana na cidade ou vai andar muito de metrô; custa US$ 27 e tem uso ilimitado por 7 dias corridos
Dá para pagar em dinheiro (troca máximo de US$ 6) ou em cartão de crédito (nesse caso a máquina vai pedir o zip code. pode botar tudo 0000 e mandar ver...).

Ticket na mão, mapa com cores de linha, letras e números de estações, na cabeça, peguei o bonde e finalmente cheguei ao meu destino final (que não era tão longe assim...): o Central Park ficava a três estações do ponto que estava..... 



(Setembro/2010)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Diário de viagem: Viñedo Emiliana - Chile




  No mesmo dia que fomos conhecer Valparaiso e Vinal del Mar o nosso guia, Sr.Oswaldo, nos presenteou com um bônus e no meio do caminho desviou do trajeto com o objetivo de mostrar a vinícula orgânica Emiliana. Foi um lindo passeio.
No final da década de 1990 Rafel e Jose Guillisati foram visionários em perceber que o consumidor global começavam a ter uma maior consciência dos produtos que estavam consumindo, principalmente a nível ambiental e social. Junto a visão enológica de Alvaro Espinoza, iniciam a conversão de uma vinícula chilena em 100% orgânica e biodinãmica.
Em 1986 começa a busca pelo melhores vales, procurando uma adapatação mais adequado para cada variedade de uva; dessa busca nasceu a "Vina Santa Emiliana S.A". Depois de 12 anos escolhendo os melhores vales foi dado origem a um projeto único no Chile, em 1988 incorpora a agrcultura orgânica e dinâmica aos seus campos nascendo assim a "Viñedos Emiliana SA", passando assim essa a ser a primeira vinicula chilena a adotar os padrões internacionais de cuidado e proteção ambientais  através da ISO 14001.
Os vinhos orgânicos são resultado de uma agricultura que não agride o meio ambiente. Não se utilizam herbicidas ou pesticidas para eliminar as pragas que prejudicam as vinhas e nem adubos químicos, os quais podem ser absorvidos pela raiz e podem contaminar as plantas e o solo. Trata-se de uma agricultura que exige um trabalho extremamente complexo dos produtores, elevando assim os custos da produção. Por outro lado traz incríveis benefícios a longo prazo para o equilíbrio da natureza.
Não pagamos nada para entrar e também não fizemos o tour com direito a degustação de vinho, portanto a sessão de farra, a Baco e Dionísio, que fizemos na Vinícula Undurraga, não foi repetida, infelizmente; apesar disso valeu muito conhecer mais uma protegida pelos deuses gregos e romanos.
Atravessamos uma pequena estrada de barro, cercada por muito verde, com belas flores dando um toque especial ao caminho. Descemos e nos dirigimos a casa principal e já aí observamos semelhança com a Undurraga, respeitando é claro o tamanho: a casa, o jardim, o local para degustação, mesas, vinhos no mostruário, local para negócios, etc. Como não podíamos provar nada apenas circulamos, olhamos, tiramos fotos, enquanto o Sr.Oswaldo ia explicando uma coisa aqui, outra acolá.    
Subimos no primeiro andar da casa e tivemos o prazer de nos deparar com uma belíssima vista dos vinhedos, dos jardins e também dos vastos morros e colinas que se posicionavam por trás de tudo isso. Estávamos em pleno verão e , apesar do verde muito bonito, pude perceber através de fotos que no inverno, é claro, tudo isso é mais exuberante.  



Nossas fotos em Janeiro/2013.

 
 
 
 
 
 
No inverno (foto retirada de um site na Internet)
 
 
 
No inverno.

 
Descemos e continuamos nossa caminhada. Passamos por um pequeno curral onde tivemos o prazer de ver (nunca tinha visto uma antes..) umas lindas Lhamas descansando orgulhosas e tranquilas, duas branquinhas e outra marron. Caminhamos ao lado das plantações, vimos oliveiras, flores diversas, uma delas, as belas lavandas, davam com sua cor lilás mais um toque de beleza e charme ao ambiente; tivemos a ideia de retirar algumas mudas (Sr.Oswaldo falou que não tinha problema, isso era permitido) e levar para casa e tentar sua reprodução dentro de um apê sem vista para a Cordilheira dos Andes.
 
 

A Lhama 



 


A plantação

Que tal colher algumas uvas ??


A lavanda

Plantação de lavanda
 
Agora frutas ..
A coleta seletiva.
 
 
O objetivo dos diversos tipos de vegetação - gramas, flores em geral, etc - estarem espalhados no meio das parreiras é de atrair os insetos para que esses sejam usados como prevenção aos inimigos naturais, as terríves pragas. Aves, como galinhas e os patos, espalhados em áreas específicas da vinícula, se encarregam de manter o balanceamento da natureza.  Além disso, isso sim o mais importante, é a utilização de produtos naturais e de origem biológica.
Quando falamos em vinhos biodinâmicos, que seguem também as normas de produtos orgânicos, significa dizer que os produtores respeitam o calendário lunar e utilizam preparo naturais para borrificar as videiras como prevenção a possíveis doenças. Os seguidores da biodinâmica consideram o vinhedo um organismo vivo e não defendem apenas um sistema de produção agrícola, mas todo um modo de vida, um jeito de pensar, onde grande parte dos esforços se volta para a prevenção das doenças que afetam as parreiras.
Encerramos nosso breve passeio voltando à casa principal; passamos numa varanda que ficava na parte de trás e vislumbramos uma mesa deliciosamente arrumada, com suas convidativas taças, a espera dos felizardos que pagaram para conhecer a vinícula (que não era o nosso caso..). Deu água, ou melhor, vinho, na boca. Entramos na casa e aí o desejo de vinho atingiu níveis altíssimos: numa mesa enorme o pessoal do tour do momento, alegremente sentados na mesa, degustava vinhos orgânicos. Pensei em me aproximar e me inflitrar na mesa mas desisti rapidamente lembrando que os deuses não me perdoariam.    
Enfim, partimos para o nosso destino, Vina Del Mar e Valparaíso, certos de que viver numa vinícula realmente é uma graça divina..    



A mesa posta.


A animada degustação.

 
Au revoir Emiliana.





   (Janeiro/2013)
 
  

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Diário de viagem: A Cordilheiro dos Andes.



Estando em Santiago um dos passeios mais empolgantes seria conhecer as estações de esqui do Valle Nevado, ser apresentado a Cordilheria dos Andes, sentir o rufar das asas de um condor planando nos seus imensos vales e ver a sombra das suas asas desenhando o topo do mundo. Não deu para nada disso: "El Condor passa". 
A Cordilheira dos Andes (em língua Quechua - Antis) é uma vasta cadeia de montanhas ao longo da costa ocidental da America do Sul com aproximadamente 8.000 km de extensão; é a maior cadeia de montanhas do mundo e seus trechos mais largos chegam a 160km de largura, de leste a oeste. Sua Altitude média gira em torno de 4.000 m e seu ponto culminante é o pico do Aconcagua com 6962m (localizado nos Andes Argentino a 112km da cidade de Mendonza). Esse conjunto de montanhas se extende da Venezuela até a Patagônia atravessando toda a America do Sul, caracterizando a paisagem da Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Chile, Bolivia e Argentina. São os países Andinos. 
O Valle Nevado está localizado no coração da Cordilheira dos Andes, a 3025 m  de altura, e é a maior estação de esqui da America do Sul, destacando-se as estações de Farellone, El Colorado e a própria, Valle Nevado, que é o ponto mais alto desses resorts de inverno.
O Valle fica a uma distância de 60 km de Santiago, ou seja, não é muito distante, mas em virtude da estrada ser sinuosa e ingreme a subida em automóvel - feita apenas por veículos credenciadas - é lenta e dura pelo menos 2 h. Em conversa com algumas pessoas que já tinham feito o passeio, tanto na época de inverno quanto no verão, confirmei o que já imaginava: só vale a pena ir no inverno para poder desfrutar da beleza da neve e das estações de esqui. No verão o local é deserto, nada de neve, apenas pedra, areia e mato seco.
Então, não tendo a oportunidade de conferir de perto as Cordilheiras o que nos restou foi tentar curtir de longe seus contornos durante nossa estadia em Santiago. A capital chilena é delimitada no leste e Oeste por essa cadeia de montanhas, ou seja em qualquer área da cidade pode ser visualizada no horizonte. Já nas cidades do litoral do Pacífico, onde estivemos por exemplo, em Valparaiso e Vina del Mar, não vimos qualquer vestígio de suas elevações, porém durante boa parte do trajeto que fizemos para essas cidades foi possível conferir.    



Vista a partir do Cerro de Santa Lucia - Santiago

Vista a a partir do Cerro de San Cristobal (prejudicada por causa da poluição) - Santiago.


Vista da Cordilheira a partir da Vinícula Santa Emiliana
 (visita rápida que visemos no caminho de Valparaiso) 



Ainda na vinícula
        


Na estrada - no caminho para Valparaíso.

 

A visão mais bonita que tive dos Andes não foi em terra firme mas sim de dentro do avião, planando feito um Condor. Escolhi a cadeira da janela exatamente para isso: fotografar. Quando o Condor subiu pude ver toda a imensidão das montanhas cortando oeste-leste o Chile. Vi aldeias encravadas nas suas encostas, pequenos lagos, rios resultante do degelo, e até, para o nosso prazer, um pouco de neve no cume dos pontos mais altos. Foi um espetáculo de aproximadamente 20 minutos. Valeu acordar às 3h da manhã me arrastando, chegar ao aeroporto às 4h cabaleando, e partir ainda sonolento às 5.45hs de volta para casa. 
Um dia voltarei, não no verão, mas no inverno, quando a neve tiver enfeitado deliciosamente o bico do Condor....


Primeira foto tirada de cima do Condor, ainda visualizando o verde
de plantações.
 
Vestígios de civilização em plena Cordilheira


Ao fundo, com um pouco de boa vontade, visualiza-se um lago
no meio do vale.
 
Toda a grandiosa dos Andes.
 
 
Olha a neve chegando !!!











O fim da neve: o degelo.
O resultado do degelo: cortando Santiago o rio Mapocho. 



(Janeiro/2013)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Diário de viagem: tour em Santiago, Valparaiso e Vina Del Mar - Chile.



  Depois de experimentar as delicias da vinícula Undurraga, o manjar dos Deuses, um outro objetivo alcoólico da viagem seria experimentar a prima da nossa caipirinha, o Pisco Chileno.
O Pisco é o nome do aguardente de uva produzido no Peru e Chile. É baseado na destilação do "mosto" (gerado na primeira etapa do processo de fermentação do vinho) proveniente da uva. Trata-se de um termo pré-hispânico (quechua) cuja a origem remonta a "Villa de Pisco" atualmente localizada no litoral do Peru.
No primeiro dia de estadia na cidade de Santiago fizemos um pequeno tour com a empresa de turismo que fechou o hotel conosco. Passamos pela Igreja de San Francisco, a mais antiga da cidade, depois estacionamos no Palácio "La Moneda" (aquele mesmo que Pinochete entricheirou Allender no golpe militar de 1973); por ali circulamos pelo "Centro Cultural Palácio La Moneda" e pela "Plaza de Armas", em seguida pela Catedral da cidade e depois seguimos para o "Cerro de Santa Lucia". No final da tarde o guia nos levou numa loja que fabrica e distribui especiarias feitas com a bela pedra Lapis-Lazuli. Num bairro chique, loja chique, gente chique, percebemos logo, ao descer da van, que era esquema montado para capturar turistas incautos. Na recepção um porteiro também chique abriu a porta de vidro blindex e nos apresentou a uma recepcionista, chiquíssima e cheirosa, que elegantemente nos ofereceu o manjar dos deuses quechua, o Pisco. Satisfeito pegamos a parte que nos cabia (um copinho de plástico estilo nosso caldinho ele-ela) e iniciamos o tour pela loja. Tudo l.indo, todas as especiarias trabalhadas em Lapis-lazuli formatadas em colares, brincos, pulseiras e objetos de decoração. Maravilhoso, sim, mas tudo caro !! enrolamos mais um pouquinho, mostramos interesse, atenção em tudo, mas vontade em comprar, nem um pouco; aceitamos mais outro ele-ela de Pisco (estratégia da loja - alcool abre a mente e a carteira de qualquer um..) rodamos mais um pouquinho e encerramos o passeio na loja com um boa noite agradecendo calorosamente pela oportunidade de conhecer os trabalhos tão bonitos e principalmente pela degustação free. Saimos com o saldo em carteira e cartão de crédito intocáveis !

Palácio La Moneda

Catedral

Centro Cultural Palácio La Moneda     





Loja de fabricação e distribuição de LapisLazuli
 
Esculturas em pedras vulcanicas

Esculturas em cobre.
 
Objeto formatdo em pedra Lapis-lazuli
 

Existe um diferença histórica entre o Chile e o Peru na exclusividade de usar o nome "Pisco". o Peru reinvidica para si por indicar que a denominação teve origem nas suas fronteiras, portanto é um nome reservado (tipo Champagne), por outro lado o Chile contesta que é um nome genérico, tal como vinho e uisque. Diferenças históricas a parte a bebida é muito boa, mas também bastante forte pois seu teor de alcool é alto, em torno de 40%. No Chile o drinque leva além do aguardante de uva, limão, gelo e angustura (bebida muito usado no preparo de coqueteis), ficando mais próxima da nossa caipirinha ou da Tequila Mexicana. Após esses incrementos essa mistura bombástica passa a ser denominada de  Pisco Sour" -  atenção, avisamos aos desatentos !!! - bebam com moderação pois quanto menos se espera  o "chá" Chileno pega pesado.
No dia seguinte fomos novamente conhecer a noite (na anterior já tínhamos ido ao restaurante "Com Agua para Chocolate - sensacional - comida e ambiente de primeira) e partimos com o objetivo de ir ao restaurante Bali-hai, que é muito conhecido por suas apresentações de danças típicas Chilenas, de suas aldeias e da Ilha de Páscoa e Polinésia.
Pegamos o taxi (o restaurante fica no bairro da Bella Vista)  e chegamos ao local na hora marcada (tínhamos feito a reserva na Internet, da mesma forma do que "Com Água para Chocolate" ). O local é muito bem decorado, estrutura de primeira, lugar chique, gente chique; fomos para nossa mesa e de cara descobrimos que os preço dos pratos eram chiques, é claro !!, bem caros (29.000 pesos por pessoa - em torno de R$ 120,00). Esqueci meus preciosos pesos que seriam gastos, afinal em viagem a regra é não se stressar, fechei os olhos e confirmamos os pratos da noite. Para bebida, por coincidência ou não, a primeira da lista que vimos no menu era o nosso conhecido "Pisco Sour". Lido e feito, essa foi a nossa pedida. Passamos uma noite muito agradável apenas com uma taça dessa agradável bebida, nada mais do que isso, pois no outro dia teríamos uma passeio para Valparaiso e Vina del Mar.


Com Água para Chocolate

Um brinde aos deuses Baco e Dionísio.


No Bali-Hai

 
  


Valparaiso é uma cidade com aproximadamente 275.000 habitantes localizada no litoral do Chile, flertando com o Oceano Pacífico, no alto de seus morros e colinas. Desde o Governo de Pinochete a cidade é a sede do Poder Legislativo, bem como de outros orgãos estatais tais como o Serviço Nacional de Aduanas, o Conselho Nacional de Artes e Cultura e o Comando da Armada do Chile. Foi declarada patrimônio Cultural da Humanidade em 2003 pela UNESCO.
Em Valparaiso inicialmente fomos a casa de Pablo Neruda, "La Sebastiana", onde ele viveu com sua segunda esposa Dellia Del Carrio, localizada numa das várias colinas com vista para o Pacífico; não entramos para conhecer pois o nosso guia (Sr.Oswaldo) nos informou que a casa existente em Santiago, denominada de "Las Chascona", seria bem mais interessante por ficar numa linda colina na Bella Vista circundada por árvores e jardins exuberantes, e abrigar inúmeras objetos de artes que o poeta recebeu como presente dos diversos amigos em volta do mundo.
Em 1959 Neruda buscava uma casa para fugir da agitação de Santiago e aí, com ajuda de amigos, descobriu uma localizada na parte alta da cidade (Florida Hill) e a denominou "La Sebastiana" em homenagem ao seu dono e construtor, Don Sebastian Collao. Foram feitas diversas reformas e em 18 de setembro de 1961, Neruda festejou a abertura da casa com uma festa memorável ; todos os amigos que o auxiliaram na busca e reforma foram convidados e incluídos numa "lista de méritos inesquecíveis" que descrevia a ajuda de cada um na reconstrução da residência abandonada.
Após o golpe militar de 1973 a casa foi saqueada e graças ao apoio da Telefônica da Espanha foi restaurada em 1991, sendo inaugurada como casa-museu. Em 1994 foi construída a praça e em 1997, ainda com a ajuda da Telefônica, foi construído o Centro Cultural.



La Sebastiana : a praça e seu jardim.
  
 
La Sebastiana

 
 
 
Descemos em direção ao porto, estacionamos a van, e iniciamos um passeio a pé; apesar do sol do meio-dia fazia um vento fresco, originado das correntes do Pacífico, que ajudava a amenizar o calor. Passamos pela "Plaza Soto Mayor" (a principal praça da cidade), subimos algumas ladeiras, atravessamos becos muito limpos e bem cuidados - percebemos várias paredes grafitadas - e chegamos ao funícular.
Essa alternativa de transporte é usada para facilitar o deslocamento da população nativa, porém é mais utilizada hoje pelos turistas para minimizar a topografia montanhosa da região. Em Valparaiso existem pelo menos 10 em atividade, sendo o mais antigo de 1893. Pagamos 300 pesos (R$ 1,20) por pessoa e subimos para um ponto superior da região, caminhamos mais um pouco pelos becos e ruelas, observamos várias construções em estilo inglês - resultado da imigração inglesa - e voltamos a mesma estação funicular, descendo e voltando ao ponto de partida, a "Plaza Soto Maior". Seguimos em direção ao porto em busca do restaurante indicado pelo Sr.Oswaldo.
 
  
Plaza Soto Mayor - Valparaiso


 
Porto da cidade - em frente da Praça Central.


Arquitetura da cidade







Os grafites. 

 
 
 
 
 
O funicular.
 
No porto o Sr.Oswaldo, que deixou de ser guia e passou a ser nosso companheiro de viagem, nos levou a um restaurante muito interessante a margem do Pacífico, com uma bela arquitetura em forma de navio. Obvio que na lista de bebida "ela" estava lá: a "Pisco Sour" era o destaque; pedimos uma taça e aí a delicia andina bem gelada, degustada ao sabor da agradável brisa do Pacífico, nos serviu de companhia durante todo o almoço. 
Após o almoço partimos em direção a Vina Del Mar que fica a poucos quilometros desse ponto (em torno de 4km).
 

Saude a Pisco Sour




Vina Del Mar é uma "comuna" da provincia de Valparaiso com uma população aproximada de 300.000 habitantes. "Comuna" é a menor unidade administrativa do Chile  e podem conter cidades, vilas, aldeias, sendo que que cada uma dessas são administradas por pessoas (chamadas de Alcaides) eleitas pelo voto popular.
No começo do século XX Vina Del Mar converteu-se em um balneário destacado; na região existem também outras praias importantes para conhecer (não tivemos tempo para isso....) como Algarrobo (onde está localizada a maior piscina do mundo) e Isla Negra (onde fica uma das casas de Neruda).  A cidade hoje mantém campus de três importantes universidades privadas: "Universidad Adolf Ibañez","Universidad de Aconcaqua" e "Universidad Del Mar".
Em 2005 a antiga via férrea foi desativada sendo substuida por metrô que hoje se interliga com Valparaiso. A cidade sedia, anualmente, importantes eventos tais como o festival Internacional do Cinema e da canção.
Começamos nosso passeio pela avenida principal. Logo no início visualizamos um belíssimo relógio de flores, plantado numa das várias encostas da área (descobrimos que foi feito para dar as boas vindas ao público durante a copa do mundo de futebol de 1962, disputada nessa cidade no estádio de "Sausalito"); não descemos para ver mas da van registramos uma bela foto. Continuamos o passeio cruzando a avenida principal. No  lado esquerdo o Pacífico - mar aberto em algumas partes e em outras muitas pedras -,  no lado direito só prédios, construídos numa primeira etapa em área plana e depois já no trecho final da avenida encravados em morros e colinas. Entre os prédios observamos alguns funiculares, que são mantidos pelos condomínios, visando assim facilitar o transporte entre os prédios da avenida e os que ficam no plano superior. Muito interessante foi ver a arquitetura original de alguns desses prédios tendo seus apartamentos, ao longo dos andares, construídos em forma de escadinhas.


relógio de flores

 
Parada estratégica para fotos. 
 

 
 
 
 
No lado esquerdo da avenida praia e seus pedras

 
 
Do lado direito os prédios.

 
 
Os prédios sob as encostas.








Funicular.



Arquitetura em forma de escada.





 
Durante todo o trajeto observamos muito verde, agradáveis gramados no calçadão onde as pessoas  usavam comos área de lazer para descansar, ler e até mesmo namorar. Ao longo da avenida não vimos qualquer sinal dos nossos famosos coqueiros  mas sim muitas palmeiras. Nas ruas tranversais também o mesmo cuidado ecológico, lindas palmeiras estacionadas nas calçadas. 
Um dos locais de destaque na avenida é o "Cassino Vina del Mar" construído em 1930 em estilo neoclássico. É o mais antigo do país e atualmente é conjugado com um resort que fica de frente para a praia. A ideia do empreendimento é oferecer aos jogadores uma estrutura de turismo onde pode-se encontrar restaurantes, bares, piscinas, salões de festas, além de hospedagem, é claro. O cassino dispõe 1.200 ma´quina de moedas, 40 mesas de jogos e um espaço de bingo para cerca de 200 pessoas.


calçadão, seus jardins e palmeiras
 
 
 

Descansar nos gramados - uma excelente opção.  

Ruas transverssais

Rio que passa paralelo a praia.


O Cassino



Alguns bares foram construídos na beira da praia - todos muito organizados e limpos - fomos informados pelo Sr.Oswaldo que somente alguns desses tinham permissão para vender bebida alcoólica. Isso é muito bom pois evita a bagunça generalizada decorrente do excesso de Pisco Sour......
Depois de alguns minutos atingimos o balneário de Reñaca e suas belas praias rochosas; paramos numa linda colina com enormes pedras onde no alto existe um mirante com vista para todo o balneário, bem como para o litoral de Valparaiso. Descemos para visualizar a paisagem e registrar algumas fotos (dessa vez não esqueci e levei a camisa do glorioso alvirubro hexampeão...).


O mirante


 
 



 

     

  
Depois da camisa vermelha e branca ser glorificada pelo Pacífico partimos de volta para casa, ou melhor para Santiago..... 


Já no caminho de volta uma vista geral da cidade da Vina Del Mar.


(Janeiro/2013)